terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Educação Infantil: Fundamentos e Métodos

“Grande é a poesia, a bondade e as danças.

Mas a melhor coisa do mundo são as crianças.”

Fernando Pessoa

Repensar uma compreensão de infância, no atual cenário vigente, nomeado por contemporaneidade, que contemple em sua totalidade os aspectos sócio-histórico-culturais, requer incindir sobre os fundamentos e métodos abarcados pelas instituições de educação infantil brasileiras e lançar sobre estas, um olhar eminentemente crítico e reflexivo, que almeje elucidar a real proposta pedagógica vivenciada em nossas pré-escolas.

Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações no mundo do trabalho, o avanço tecnológico configurando a sociedade virtual e os meios de comunicação e informação, incidem fortemente no universo escolar, aumentando os desafios para torná-los uma conquista democrática efetiva.

Transformar práticas e culturas tradicionais e burocráticas das escolas, não é tarefa simples. O desafio é educar propiciando um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico de modo que adquiram condições para enfrentar as exigências do mundo contemporâneo, desde a mais tenra idade.

Nesse sentido, a ressignificação do ensino deve passar por profundas mudanças já que falar sobre educação é refletir sobre as práticas social, cultural, política e histórica concretas, intrinsecamente associadas ao processo de construção do conhecimento humano.

Nessa perspectiva, a escola torna-se um espaço vivo de troca e diálogo, um centro de aprendizagem e produção de experiências pedagógicas que envolvem novas formas de ensinar e de aprender, articuladas com as necessidades sociais. Por isso, é fundamental voltar-se para a formação integral do aluno.

Desenvolver competências, formar valores: essas idéias ocupam um espaço cada vez mais central na reflexão dos professores inseridos nos programas de Educação Infantil de todo o país. Tudo porque, em última instância, representam um dos principais desafios da escola contemporânea: formar alunos mais do que aptos a dominar determinados conteúdos, capazes de ler e interpretar o mundo e aprender continuamente.

É preciso estar atento e desconstruir a idéia de oposição entre disciplinas e competências, comumente divulgada entre os educadores. De fato, disciplinas e competências não se opõem, mas se solidarizam. O desafio está em reencontrar o papel das disciplinas curriculares como meio, e o papel da formação para competências e valores como o fim da educação. Ao educador cabe a missão de redescobrir-se mediador nesse processo, considerando o papel fundamental do conhecimento. Só pode ser competente uma pessoa que tem conhecimentos.

É exatamente por acreditar nestes preceitos que a obra intitulada: “Jogos, Projetos e Oficinas para a Educação Infantil”, consolida-se enquanto próspero recurso pedagógico, naquilo em que apresenta, de forma sintética, com linguagem clara e acessível, um conjunto sistematizado de sugestões de atividades a serem vivenciadas no segmento descrito por educação Infantil, contextualizando-as com as necessidades morais e éticas mais emergenciais.

Trata-se de propor situações de aprendizagem capazes de orientar a atividade educativa de modo que os alunos adquiram um conjunto de conhecimentos que lhes sirvam para resolver problemas e para eleger as estratégias adequadas que lhes permitam enfrentar seus problemas com maiores garantias de êxito. O mais importante, em conseqüência, no processo de ensino e de aprendizagem, não é que os alunos adquiram determinados conteúdos, mas que sejam capazes de aprender por eles mesmos, de trabalhar em equipe, de comunicar-se, ter iniciativa, comportar-se de forma socialmente responsável e de desenvolver um comportamento moral autônomo. Os conteúdos que se aprendem devem estar em função das competências que se pretende que os alunos adquiram.

De acordo com este arcabouço teórico, é imprescindível delegar ao corpo e a sua vivência em ambiente escolar, um papel de destaque e uma importância primeira, naquilo em que está implicado de modo indissociável no processo de construção do conhecimento, por ser nosso principal recurso comunicacional e, portanto, lingüístico, na lida diária com a realidade na qual estamos inseridos.

É por intermédio do corpo que viabilizamos nossa capacidade interacional, é através dele que nos relacionamos com os outros e com todo o universo informacional existente, absorvendo e ressignificando o conhecimento vivenciado. É, portanto, o corpo, que nos permite, a partir das experiências concretas, a entrada no universo simbólico e o desenvolvimento da capacidade de abstração, recursos imprescindíveis a real efetivação da aprendizagem, objetivo primeiro de toda e qualquer etapa educacional, em especial aquela a qual denominamos por Educação Infantil.

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